Uma carta do Menino Jesus

Por irmão Sandro

"Já passaram mais de 2000 anos desde quando os homens começaram a comemorar o meu aniversário. Os primeiros anos pareciam ter compreendido o quanto eu já fiz por eles, mas hoje muitos não sabem o motivo dessa festa. Eu me oferecei como presente... As pessoas se reúnem, comem o panettone, se divertem sem saber o que é a festa... Vou te contar sobre o ano passado, quando chegou o Natal... eles fizeram uma grande festa em minha homenagem e se esqueceram de me convidar. Te digo isto chorando... A festa era para mim, mas quando chegou o grande dia me deixaram sair e fecharam a porta.

Como não me convidaram, resolvi entrar sem fazer barulho, entrei e fiquei em um canto. Você vê que o meu presépio está tirado da escola, nem estava naquela casa e foi substituído por uma árvore falsa cheia de luzes coloridas de bolas. Todo mundo estava bebendo. Alguns estavam bêbados e riram... e no melhor da festa, chega um senhor vestido de vermelho, com uma barba branca e comprida.

Todas as crianças correram até ele e gritaram em coro: Papai Noel, Papai Noel!!! Como se a festa fosse dele. Tenta imaginar como fiquei triste.

À meia-noite, todos se abraçaram e eu estendi os braços. Esperando que alguém me abraçasse, mas um estava no celular o outro na frente do computador outro na televisão, ninguém me abraçou. Eu quero estar com todos, mas muitas vezes eles me deixam sozinho. Não estou interessado nas coisas, mas nos seus corações. Porém, experimentei uma triste realidade que naquela festa eu era demais e não era acolhido.

Sair, sem fazer barulho, fechei a porta e fui embora. Tu achas que não chorei? estás enganado, naquela noite chorei. Outra coisa que me fez sofrer é que no meu aniversário em vez de me darem presentes deram uns aos outros.

Uma vez um rapaz me disse: Como posso te dar um presente se nem ao menos te vejo? Você já deve imaginar a resposta que dei a ele.

Se você realmente quer me ver e sentir, deixe-me nascer em seu coração, não me mande embora com o pecado. Se queres ver-me olha para mim na Santa Hóstia de Belém, Nossa Senhora, minha e tua mãe, abraçou-me. Hoje o padre no altar me mantém nas suas mãos. Hoje como ontem as pessoas pensam só em comprar o presente para gastar muito dinheiro e se esquecem de mim. Me veem como uma criança comum, não como um Deus feito homem. Dói-me vê-los conviver com a sede de amor, tendo a fonte tão perto onde podem matar a sede.

Quantas vezes eu já disse que quem tem sede venha a mim e você não terá mais sede. Você me considera um estrangeiro. Se te dou graças, tenho autorização de hospedar-me, senão Feliz aniversário e volte para casa. Eu sofro porque se iludem de não ter necessidade de mim. Eu os amo, mas eles não percebem. Eu falo nos corações, mas os homens não me ouvem.

Eles não querem copiar a minha vida, o que eu ensino eles fazem o contrário.

Meus apóstolos chamaram-me de Mestre e é isso que quero ser para todos, mas são como aquelas crianças que vão à escola e não copiam bem o que o mestre escreve no quadro ou não querem nem ver, burros entraram e burros saíram.

Como um pobre mendigo com um cesto nas mãos, baterei à porta de muitos corações com a esperança de que alguém se abra para mim e me dê um pouco de amor, porque não mais em um estábulo, não mais em um presépio, quero nascer em um berço lindo e perfumado que é o coração do homem. Mesmo que você tenha pouco a me oferecer, deixe-me entrar em seu coração.

Até logo, o teu melhor amigo, Menino Jesus."

Veja também o presépio montado pelo irmão Sandro na nossa Obra: